quarta-feira, 22 de julho de 2009

Idade Média

Resumo - A Longa Idade Média e o Mundo Feudal
Porfessor Elvis Oliveira

Tratada por diversos Historiadores como uma época de total obscurantismo e ignorância, a Idade Média foi por muito tempo tratado com certo preconceito como a "Idade das Trevas" na historiografia tradicional se refere ao período que compreende do século V com a Queda do Império Romano do Ocidente ao século XV em que ocorre o Renascimento Cultural e Expansão Marítima, na História Nova trazemos uma visão renovada desse importante e imenso período da história da humanidade, como um grande e contínuo processo de formação do homem moderno.



(Professor Elvis Oliveira)
O Feudalismo
O sistema feudal foi a forma de organização econômica, social, política e cultural cujas origens estavam no século V, mas que firmou-se entre os séculos IX e XII. Esse sistema se baseava na posse da terra, A produção feudal era feita para consumo local, não se destinando ao comércio.


O senhor feudal era o proprietário da terra, controlando os homens que trabalhavam nela, os servos. Os servos recebiam proteção militar do senhor feudal em troca do seu trabalho. Não eram escravos mas também não podiam abandonar a terra em que viviam. O senhor feudal tinha controle total sobre sua terra - denominada feudo. Ele fazia as leis, concedia privilégios, aplicava a justiça, declarava a guerra e negociava a paz. Dentro do feudo havia propriedades diferentes, pastos e bosques eram propriedades coletivas, nas quais os servos podiam pastar seus animais e colher frutos e o senhor praticava a caça;
metade das terras cultivadas era propriedade privada do senhor feudal (manso senhorial). Eram as terras mais férteis, e tudo o que se produzia ali pertencia a ele o restante era co-propriedade ou seja, os servos cultivavam a terra, retiravam dela seu sustento e entregavam uma parte da produção ao senhor feudal, os servos pagavam uma série de obrigações ao senhor feudal, em forma de trabalho (corvéia) ou de produtos (talha, banalidades, taxa de casamento e mão morta). Além disso, pagavam taxas à Igreja. Não havia divisão nem especialização no trabalho comunitário dos servos. Como não se produzia para a venda, as colheitas eram reduzidas às necessidades básicas. Havia a ameaça permanente da fome;

A condição social na Idade Média era determinada pelo nascimento. Os que nasciam servos permaneciam assim até a morte e o mesmo acontecia com os nobres. Apenas os moradores das vilas (vilões), que prestavam serviços aos senhores feudais, podiam ascender socialmente;
O clero, outra camada social, era a única com acesso à escrita, controlando a sociedade através da religião e tendo acesso a cargos administrativos nos reinos medievais, ü Apesar dessa autonomia, os senhores feudais também precisavam de proteção, conseguida através de juramento de fidelidade entre eles e outros nobres, Através dele, o nobre que requisitava auxílio era chamado de suserano e o que o oferecia era chamado de vassalo. O vassalo recebia o domínio sobre um feudo e auxiliava militarmente o suserano sempre que fosse necessário. Os suseranos também eram vassalos de outros senhores. Nessa escala estavam, de baixo para cima, os cavaleiros, os barões, os condes, os marqueses, os duques e o rei;

Os territórios da Igreja – a maior proprietária de terras da Europa na época – organizavam-se de modo semelhante aos dos senhores feudais. Mas a principal função da Igreja era cuidar da parte espiritual. A Igreja condenava o comércio, pois afirmava que o trabalho e os bens materiais não deveriam levar ao enriquecimento, e sim à salvação. O empréstimo de dinheiro a juros também era condenado.


Um Outro Olhar...

"Nessa sociedade a imagem de Deus é a imagem de um Senhor: a confusão e associação entre o sagrado e o profano são permitidas e alimentadas, como se depreende da análise dos termos da época: dominus – senhor temporal; Dominus – Senhor celeste, Deus. Esse Deus Senhor é
identificado com o Deus Pai, a pessoa da Trindade mais próxima do Antigo Testamento e, por
extensão, do Judaísmo e do Islamismo. Por isso, sua representação iconográfica é limitada,
apresentada, sobretudo pela imagem de uma mão que desponta por entre as nuvens: Essa mão define a um só tempo a natureza e a função reconhecidas do Deus feudal. É uma função de comando, trata-se de uma mão que ordena; é uma função de punição, trata-se de uma mão que pune; e é uma função de proteção, trata-se de uma mão que protege." (p.71)
Revista Brasileira de História das Religiões – Ano I, no. 2 – ISSN 1983-2850 Para o Historiador Jacques Le Goff, a Idade Média só termina efetivamente com a Revolução Francesa, tudo de relevante está relacionado a Deus.

As Cruzadas

Para canalizar a violência social, a Igreja e os reis organizaram as Cruzadas contra os muçulmanos, com o obje-tivo de recuperar os lugares onde Jesus Cristo tinha vivido, impedir o avanço árabe na Europa, controlar as rotas comerciais nas mãos dos muçulmanos e mostrar ao chefe da Igreja do Império Bizantino que o papa tinha autoridade sobre a cristandade. Muitas pessoas participaram das Cruzadas, atraídas pela possibilidade de enriquecimento através da conquista e pela promessa de salvação, feita pela Igreja, aos que combatessem os muçulmanos. Foram organizadas oito Cruzadas entre os séculos XI e XIII. A primeira Cruzada oficial, formada por nobres, conquistou Jerusalém em 1099. Entretanto, logo a cidade foi recuperada pelos muçulmanos. As Cruzadas seguintes não conseguiram retomar os lucrares sagrados,

As Cruzadas tiveram várias conseqiiências. Uma delas foi o aumento do comércio entre o Oriente e o Ocidente, que levou ao ressurgimento da economia urbana e monetária na Europa ocidental. A classe dos comerciantes se fortaleceu. Além das expedições feitas pelas Cruzadas, outros portos aumentaram suas atividades, como Gênova, Pisa, Nápoles e Veneza, na Itália. Essas cidades já faziam o comércio com os bizantinos e os muçulmanos durante toda a Idade Média.

Esses contatos comerciais geraram o consumo de novos produtos vindos do Oriente e introduziram novas técnicas de agricultura e manufatura no Ocidente, além de novas práticas bancárias, como as letras de câmbio, Outra consequência das Cruzadas foi a reconquista da península Ibérica, ocupada pelos muçulmanos. Os pequenos reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão receberam o apoio da nobreza européia e, entre 1086 e 1492, expulsaram os muçulmanos e formaram os reinos de Portugal e Espanha.

Renascimento Comercial

A cultura medieval atingiu o auge durante a Baixa Idade Média (séculos XI a XV). Nesse período, ocorreram transformações no sistema feudal; A produção deixou de ser exclusivamente para consumo local e passou a ser destinada ao comércio, estimulando a circulação das moedas; os comerciantes ampliaram seus negócios e passaram a ter grandes lucros;

Desintegrando o sistema feudal, essas transformações foram definindo aos poucos o capitalismo;
A partir do século XI. quando cessaram as invasões bárbaras, aumentou a segurança nas estradas, possibilitando as viagens comerciais. O número de mortes diminuiu e, com isso, a população aumentou, gerando a necessidade de mais produtos para consumo.

A Santa Inquisição

No século IV, quando o Cristianismo se propagava, a Igreja Católica havia tomado santuários e templos sagrados de povos pagãos, para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas. Nos primórdios do Catolicismo, acreditavam que os pagãos continuariam a freqüentar estes lugares sagrados para reverenciarem seus Deuses. Mas com o passar do tempo, assimilariam o cristia- nismo substituindo o paganismo, através da anulação.
Mesmo assim, por toda a parte, havia uma constante veneração às divindades pagãs. Ao longo dos séculos, a estratégia da Igreja Católica não funcionou, e através da Inquisição, de uma forma ensandecida e sádica, as autoridades eclesiásticas tentaram apagar de uma vez por todas a figura da Grande Deusa Mãe, como principal divindade cultuada sobre todos os extremos da Terra. O Catolicismo medieval transfor- mou o culto à Grande Deusa Mãe, num culto satânico, promo- vendo uma campanha de que a adoração dos deuses pagãos era equivalente à servidão a satã.
Inquisição é o ato de inquirir, isto é, indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisição, significa "questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica". Dessa forma, a Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade "oficial" de investigar e punir os crimes contra a fé católica. Na prática, os pagãos representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas.
A Educação e a Arte no Medieval

A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Esta era marcada pela influência da Igreja, ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.Podemos dizer que, no geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.

A Crise do Feudalismo

Peste Negra ou Peste Bubônica

Em meados do século XIV, uma doença devastou a população européia. Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes morreram desta doença. A Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes. Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente. Como as cidades medievais não tinham condições higiênicas adequadas, os ratos se espalharam facilmente. Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa. Para complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a fatores comportamentais, ambientais ou religiosos.


Revoltas Camponesas

Após a Peste Negra, a população européia diminuiu muito. Muitos senhores feudais resolveram aumentar os impostos, taxas e obrigações de trabalho dos servos sobreviventes. Muitos tiveram que trabalhar dobrado para compensar o trabalho daqueles que tinham morrido na epidemia. Em muitas regiões da Inglaterra e da França estouraram revoltas camponesas contra o aumento da exploração dos senhores feudais. Combatidas com violência por partes dos nobres, muitas foram sufocadas e outras conseguiram conquistar seus objetivos, diminuindo a exploração e trazendo conquistas para os camponeses.